A LUTA DE CLASSES ESTÁ TAMBÉM DENTRO DO FEMINISMO
Em todos textos
que escrevo, deixo recomendações de leituras que vale a pena fazer e este não
será alheio a este ritual (se quiser aprender e compreender o feminismo, baixe
o livro no link que deixo no fim deste texto).
A crítica e a análise
devem estar presentes em todos movimentos, teorias e políticas que, enquanto
seres sociais e humanos, nos propusermos a seguir. Por exemplo: os religiosos
precisam aprender a criticar e a analisar a bíblia (nem tudo que está na escritura
sagrada prega o amor e a sabedoria). Na mesma medida que a bíblia nos ensina
que devemos nos amar, nalguns momentos, ela também mostra-se misógina, machista esclavagista
e racista.
Neste caso, saber criticar, ler e interpretar a bíblia, sem esperar que seu líder espiritual faça isso por você, ensinará que ela é um livro igual a outro que está suscetível a várias interpretações. E olhando para o contexto social atual, não guiar a nossa vida em apenas um livro, talvez seja o caminho para a salvação que tanto procuramos.
O post
de hoje será uma espécie de interpretação do livro de Bell Hooks cujo título é
“O Feminismo É Para Todo O Mundo: Políticas Arrebatadoras”. Neste livro, a
escritora faz uma radiografia do movimento feminista e mostra que, assim como
outros movimentos políticos e sociais, o feminismo também está a ser
enfraquecido, não somente pelo patriarcado e o sexismo, mas também pelas
feministas que buscavam dentro do movimento satisfazer desejos e planos
pessoais e de classe.
Neste caso,
fica visível que todos os problemas sociais que enfraquecem o regime democrático,
as igualdades raciais e sociais estão presentes dentro do movimento feminista, já
que este não é alheio nem é privilegiado em relação aos outros regimes e lutas. De acordo com a autora, o feminismo é um movimento para acabar com sexismo, exploração
sexista e opressão. Neste caso, sem ter
os homens dentro da luta, o feminismo não vai progredir; assim, é necessário
corrigir-se o pressuposto tão arraigado no inconsciente cultural de que o
feminismo é anti-homem.
Com
este conceito da autora, fica visível que o feminismo na sua essência não é
anti-homem, o movimento precisa que estes abracem-no para que o patriarcado e o
sexismo acabem, e que homens e mulheres possam ter direitos iguais na
sociedade.
Em
contrapartida, é preciso considerar que, a apesar desta definição ser clara e
inclusiva, existirão e existem dentro do movimento, de acordo com a autora,
pessoas, em especial mulheres privilegiadas, que deixarão e deixam de
considerar as noções do feminismo revolucionário, quando começarem a alcançar
poder econômico dentro da estrutura social existente.
Na
minha ótica, esta observação da autora não é exclusiva ao feminismo, porque
dentro da política e da democracia, são visíveis tais atitudes. Enquanto
sociedade, vemos que os preceitos que foram previamente definidos para ser
seguidos, são desviados em benefício um de grupo.
E
olhando para o nosso país, cujas
características são de camaradismo,
corrupção e nepotismo, é necessário que todos estejam atentos pois, na mesma
medida que existem ou existirão mulheres que lutam para acabar e
consciencializar sobre os malefícios do patriarcado e do sexismo, estarão presentes
dentro do movimento pessoas que
levantarão ou levantam a bandeira feminista em prol dos seus interesses
pessoais, empresariais e capitalistas.
Ademais,
é preciso ver e não desvalorizar a existência de um discurso anti-homem que, de
alguma forma, desvia e afasta mulheres e homens que não se sentem identificados.
Ao aceitarmos que tal radicalismo existe, tomaremos consciência para a adoção
de estratégias adequadas de forma que homens e mulheres se aproximem, apoiem e
saibam que o feminismo se aproxima e inclui os princípios da democracia,
inclusão, igualdade racial, social, respeito a homossexualidade e toda a
comunidade LGBT.
Desta
forma, que nem o feminismo, a democracia e a religião sejam usados como escudos
para a vingança social contra a humanidade. Na minha visão, todos nós, enquanto
seres humanos que buscamos construir um estado democrático, ético e humanizado,
devemos saber selecionar muito bem as nossas lutas dentro de qualquer movimento
que nos propomos a acreditar e a seguir. E que não nos tornemos fanáticos, pois
esta atitude não permitirá que vejamos os erros e incongruências dentro no
movimento e grupo.
Que
o diploma adquirido pelo homem ou pela mulher não justifiquem o mau caráter, o
desamor, a falta de carinho, a impaciência e a incapacidade de resolver os conflitos
sociais e profissionais. É necessário que aprendamos a focar nos problemas
reais da sociedade, e que não os justifiquemos a partir de observações e opiniões
sexistas e patriarcais (caro leitor, se ela ou ele não o respeita, não culpe as
instituições de ensino).
Há
muita mulher feminista com desejo e planos de formar uma família e ter filhos,
sem que isso signifique abrir mão dos seus sonhos e desejos enquanto ser humano,
exemplo: estudar e trabalhar. Enquanto o amor for sinónimo de domínio e
submissão da mulher, a sociedade (homens e mulheres) nunca chegará a
experimentar e viver essa felicidade e amor que tanto busca. Será que o respeito,
o afeto e o amor são sinónimos de submissão?
Ninguém
é obrigado a se identificar com o feminismo. Ninguém nasce feminista ou
machista, corrupto e antidemocrático, mas sim, torna-se. E se você que está a
ler este texto tem noção de que a democracia seria um regime politico inclusivo
e benéfico para a sociedade, e suas atitudes no dia a dia seguem preceitos
democráticos e de inclusão, pode ser que você não seja feminista, contudo,
talvez esteja em evolução para se tornar ser humanizado.
Um
ser humanizado não pretende subjugar o outro e impor o seu poder para mostrar
que é o mais forte. Se é difícil imaginar esta situação usando a equação homem
e mulher, imagine ou pense no que os países desenvolvidos estão a fazer com os
países em vias de desenvolvimento, imagine o que a corrupção e o capitalismo
exacerbado estão a fazer com nosso país, sendo que nestas equações reina a lei
do mais forte, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez
mais pobres.
Sejamos
todos feministas, e se esta palavra pesa por remeter ao sexo feminino, então
que sejamos todos humanizados e pautemos pela inclusão social, sem que nossos
interesses pessoais estejam por cima do bem e da consciência social.
e interessante a forma como aborda a luta das classes
ResponderExcluire importante continuarmos nessa linha
Ola Valério. Obrigada, pois é, parece que ela sempre nos seguirá então cabe a nós enquanto sociedade saber definir como vamos lhe dar
ExcluirSaudações profª
ResponderExcluirUm tema muito interessante. Não percebi bem prof. Gostaria de saber moral da história assim posso dizer....
Agradecia que explicasse-me, não entendi tão bem....
Olá... Tawanda... Hoo ainda bem que já tivemos nossa conversa sobre o assunto, espero que tenhas percebido
ExcluirParabéns prof
ResponderExcluirMuito obrigado por trazeres uma abordagem que procura detalhar o conceito de feminismo e procura incentivar a sociedade a pautar por uma interpretação mais activa dos factos. Bem,eu não feminista mas convivo com feministas tenho notado que algumas pautam pelo violento e uso de meios radicais para a conquista da emancipação, eu quero aprender mais sobre isso para ter uma opinião mais formada sobre o assunto, por enquanto pauto pelo humanismo porque penso que seja igual para todos... Sabe, na minha opinião deveríamos ultrapassar a ideia de ser movimentistas, na história já tivemos muitos movimentos de certa forma todos eles nasceram por boas causas mas até algum ponto acabam sendo segregadores por isso eu vejo a necessidade de nós como seres humanos evoluirmos para uma abordagem mais humanista algo comum que vive em todos, seja Homem, Mulher, Branco, Negro, etc...
ResponderExcluirOla Edelson, acho que é esse radicalismo que deve ser desconstruido para que a mudança ocorra, e homens e mulheres estejam na linha da frente para garantir a inclusão social. O feminismo precisa se aproximar com delicadeza às comunidades, criar um diálogo que permita com que as pessoas se identifiquem e acreditem que a igualdade é revolucionária
ExcluirÉ isso Docente.
ResponderExcluirParabéns querida.
👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
Sem comentários.
#sejamos todos humanizados e pau temos pela inclusão social👏
É isso Docente.
ResponderExcluirParabéns querida.
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Sem comentários.
#sejamos todos humanizados e pau temos pela inclusão social👏
É isso Docente.
ResponderExcluirParabéns querida.
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Sem comentários.
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Ola Siena... O caminho é longo. Mas vale a pena
ExcluirOla Delfina, eu penso que essa questão de igualdade entre os gêneros deve começar na família. Na medida em que muitos se identificam como feministas no local de trabalho e quando chegam em casa fazem divisão de trabalho, isto é, pa menina e rapaz. O que deve acontecer é ensinar as crianças a trabalhar sem distinção. É o primeiro passo a se dar. Dái segue a luta contra o racismo começando por nos aceitar como somos. Até porque o feminismo europeu não se pode igualar ao nosso porque nós africanas e africanos sofremos juntos. Convido a ler Hudson Weems. " africana Womanism- o outro lado da moeda".
ResponderExcluirOlá leitor... Sem dúvidas a igualdade de género deveria começar em casa, com a desconstrução do que é para menino e para menina. Este comportamento pode ser reflectido mais tarde na nossa forma de ser e de estar. A tentativa de copiar modelos e as vezes não ajustar nas necessidades locais é o de alguma forma faz com que o progresso fracasse. Muito obrigada pela recomendação, vou buscar o livro
ExcluirOla Delfina, eu penso que essa questão de igualdade entre os gêneros deve começar na família. Na medida em que muitos se identificam como feministas no local de trabalho e quando chegam em casa fazem divisão de trabalho, isto é, pa menina e rapaz. O que deve acontecer é ensinar as crianças a trabalhar sem distinção. É o primeiro passo a se dar. Dái segue a luta contra o racismo começando por nos aceitar como somos. Até porque o feminismo europeu não se pode igualar ao nosso porque nós africanas e africanos sofremos juntos. Convido a ler Hudson Weems. " africana Womanism- o outro lado da moeda".
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