A RIDÍCULA IDEIA DE NÃO VOLTAR A VER-TE…
Sempre considerei os livros como um presente excelente e eterno, mas
também gosto de batons vermelhos, salto 15 e bijuterias extravagantes.
Nesta ideia fixa de que gosto de livros, meu amigo Roberto
ofereceu-me um livro cujo título é “La Ridicula Idea De No Volver a Verte”, escrito pela jornalista e psicóloga
Rosa Montero. À primeira vista, o título me pareceu sugestivo, uma vez que,
pela nossa circunstância, não sabíamos quando voltaríamos a nos ver.
O título pareceu-me muito estimulante
e remeteu-me a um daqueles livros com roteiro de novela mexicana, conhecidas por
serem melancólicas. A minha surpresa veio quando iniciei a leitura – o livro descreve
a vida e obra de Marie Curie.
Marie Curie foi uma
cientista e física polonesa nacionalizada na França; conduziu pesquisas
pioneiras em todo o mundo no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a
ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira e única mulher a ganhar o prêmio
duas vezes.
Durante
muito tempo, Marie Curie teve dificuldade em ser aceita no meio acadêmico e de
pesquisa que ainda era massivamente formado por homens, apesar de ser inédito
seu feito de ganhar dois prêmios Nobel. Ela também foi casada com o cientista Pierre
Curie e, desta relação, tiveram duas filhas.
Depois desta leitura, percebi por que
meu querido amigo escolheu especificamente este livro para me oferecer; ele
queria contar-me e mostrar-me que apesar das adversidades, perdas e desgraças,
as mulheres podem sonhar e ser o que quiserem – Se até Marie Curie, nascida em
1967, conseguiu, à revelia do sistema e da vida estudar e se aventurar (as
vezes clandestinamente), para concretizar seus sonhos, por que hoje isso não
pode ser possível?
A história de Marie Curie fez-me
despertar; porém, devo dizer que mesmo tendo me dado força, tenho que admitir
que a sociedade ainda não assume que as mulheres possam sonhar em ser a Marie
Curie. Daí que, por vezes, mesmo com potencial, as mulheres acabam oprimindo as
suas aspirações para não ouvir a famosa frase “Esse é o problema da mulher
que é estudada”.
Perdi a conta de quantas vezes foi-me
dita essa frase, e em todas as circunstâncias, apenas tentava posicionar-me
sobre uma situação ou questão que estava a ser discutida.
João Cristofolini, no livro “O Que A Escola Não Nos Ensina: sete
habilidades essenciais
para uma vida de sucesso, que você não aprende na escola”, aborda algumas questões que, subscrevo,
realmente a escola não ensina, que são: aprender a utilizar a mente, a empreender
e a ser líder; a criatividade; a amar e a empatia; manter e cuidar da saúde e a espiritualidade.
Com isso, tenho que dizer que as opiniões que construimos sobre a vida e o mundo
nem sempre têm a ver com o que aprendemos estudando numa escola ou universidade.
A forma como interpretarmos o mundo ou situação está relacionada
com as experiências vividas e no que acreditamos. Sri Prim Bamba, no seu livro “Amar E Ser Livre” diz que “se a vida é uma escola, então os relacionamentos são uma
universidade”. Para ele, “quando nos relacionamos, temos a chance de
amadurecer e de ativar os valores humanos que possibilitam a nossa evolução”.
Interpreto esta passagem da seguinte forma: não podemos culpar a escola por
aceitar a mulher, todavia, devemos ensinar mulheres e homens a saberem se
relacionar e a negociar.
Nesta linha, se estamos neste espaço para tratar de questões da
humanidade, devemos assumir que o problema não é do homem e da mulher estudada, ou, por outra, não
há nenhum problema quando pessoas de sexo oposto têm opiniões divergentes sobre
determinada situação, o que precisam aprender a fazer é negociar, o que não
implica abrir mão dos seus valores e princípios .
Se alguém está sendo arrogante, inflexível, intransigente, soberbo,
empático, criativo e cauteloso, o problema não está no estudar, mas na forma
como a pessoa aprendeu a ser ou como se sente; então, neste caso, é necessário
que, para além de observarmos o outro, pratiquemos a auto-observação para
identificarmos onde estamos a falhar e como podemos melhorar.
Queridas mulheres, sejamos as Marie Curie que queremos ver em nós,
dedicadas, decididas e amáveis. E que o facto de podermos ter acesso à educação
não seja um problema que desequilibra a sociedade que, por sinal, nunca experimentou
este estágio e agora insiste em atribuir a culpa às instituições de ensino que
acolhem a mulher.
Ao ler a biografia de Marie Curie, pude visualizar que, apesar de
ela ser altruísta, empenhada e inteligente, mantinha um semblante rígido. A
partir desta observação, decido ser uma versão melhorada da Marie Curie, não preciso
ser inteiriçada para que respeitem o meu trabalho.
Não quero que no meio profissional a minha liderança e trabalho seja
associada à minha oscilação hormonal e sexual – questões sexuais e hormonais
são também problemas do ser masculino. Desta forma, a questão não está na
carência ou abundância destes elementos, mas sim, na necessidade de aprendermos
a desenvolver a nossa inteligência emocional no nosso meio profissional e
familiar.
Caros leitores, imaginem se aprendêssemos a nos relacionar no meio
profissional e afetivo, o que aconteceria? Será que o problema é da mulher ou do homem,
ou é nosso enquanto seres humanos?
Quando há guerra ou conflito no país, ansiamos que as partes
dialoguem e negociem; no entanto, esquecemos que essas partes são pessoas
iguais a nós que não foram ensinadas pela escola a ter habilidades de
negociação; não aprenderam, assim como nós, a olhar para dentro e curar suas
feridas e carências, para que, em seguida, exteriorizem a paz e harmonia que
querem ver no mundo.
Para terminar, vou citar uma passagem do livro “Sejamos Todos Feministas” de Chimamanda Adiche:
Ensinamos as
meninas a se encolherem para se tornarem ainda mais pequenas, dizemos para
meninas - você pode ter ambição mas não muita, você deve ansiar ser bem
sucedida, mas não muito bem sucedida; caso contrário, você vai ameaçar o homem.
Porque sou do sexo feminino esperam que eu almeje o casamento, esperam que eu
faça as escolhas da minha vida sempre tendo em mente que o casamento é o mais
importante.
O casamento
pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio mútuo, mas por que ensinamos as
meninas a ansiar ao casamento e não ensinamos a mesma coisa para os meninos?
Criamos as
meninas para serem concorrentes, não para empregos ou para conquistas, que eu
acho que pode ser uma coisa boa, mas ensinamos as meninas a concorrerem para
ter a atenção dos homens. Ensinamos as meninas que não podem ser seres sexuais
da mesma forma que os meninos.
https://www.rosamontero.es/novela-ridicula-idea-no-verte.html
Wau, meu Deus.Parabens profª
ResponderExcluirUma mensagem inspiradora! muitos de nós temos de facto aprender ser com a Marie Curie. Pois, não somente na parte feminino, mais sim também masculino. Independente das circunstâncias, mesmo dentro da sociedade têm alguns quê acredita em nós e têm aos que não acredita. Mesmo assim, não devemos desistir
Dos nossos sonhos. Temos que ir a luta é na luta que tornamos naquilo que queremos ser. Temos que estar no centro da nossa motivação e não esperarmos que alguém venha motivarmo-nos.
Parabéns!
ResponderExcluirParabéns por partilhar connosco as suas leituras, pensamentos, posicionamento.
Bom, algo que me chamou atenção é que a Marie Curie, apesar dos desafios, principalmente naquela altura onde as mulheres eram monopolizadas, e eram estereotipadas como fracas , passivas.
Contudo isso, ela não desistiu daquilo que acreditava , com certeza eu chamaria a Marie Curie de uma mulher Emponderada, pois a participação das mulheres contribui positivamente na estrutura econômica e social da sociedade, elas desempenham um papel fundamental no processo de desenvolvimento.
E devemos dizer SIM ,aos nos sonhos, dizer SIM naquilo que acreditamos e seguir com determinação.
Parabéns!
ResponderExcluirParabéns por partilhar connosco as suas leituras, pensamentos, posicionamento.
Bom, algo que me chamou atenção é que a Marie Curie, apesar dos desafios, principalmente naquela altura onde as mulheres eram monopolizadas, e eram estereotipadas como fracas , passivas.
Contudo isso, ela não desistiu daquilo que acreditava , com certeza eu chamaria a Marie Curie de uma mulher Emponderada, pois a participação das mulheres contribui positivamente na estrutura econômica e social da sociedade, elas desempenham um papel fundamental no processo de desenvolvimento.
E devemos dizer SIM ,aos nos sonhos, dizer SIM naquilo que acreditamos e seguir com determinação.
Obrigada leitores por comentarem aqui no blog.. É isso aí Tawanda e Siena, vamos nos inspirar nas Marie Curie, Pierre Curie e sermos o que queremos ser. Vamos reflectir sobre questões da humanidade
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