DIÁLOGO POÉTICO ENTRE CITAÇÕES E EMOÇÕES
Ele veio
Eu esquivei
Ele pediu
Eu neguei
Ele insistiu
Eu aceitei
Ele consumiu
Eu gostei
Ele sumiu
Eu enlouqueci (Alice Ambrucer).
Alice permita-me tratar
seu poema de forma que homens e mulheres se sintam representados nesta sopa de
palavras ditas a partir de emoções intensas.
A partir deste poema vejo
uma pessoa que após viver uma experiência e ter se “viciado” ou melhor gostado,
se vê de repente ou a partir de sinais de que deverá seguir a viagem sozinha, e
esta nova viagem solitária não tem direito ao goodbye, au revoir,
na famba ou hasta la vista.
Mas quem mentiu de que
relacionamentos devem ser para a vida toda? Se até a morte pode separar?
Alice, se mesmo um adeus enlouquece, imagina não o ter? Mas ainda assim, acredito
que enlouquecer tendo tido uma despedida explicativa seria mais aceitável,
porque quando as recordações vierem, surgirão na mesma proporção os motivos do
adeus. E assim, os passos após o luto tenderão a ser firmes, sem medo e seguros.
Falar de coisas da
modernidade sem consultar o Zygmunt Bauman é impossível. Ele diz que estamos
numa sociedade líquida, deste modo, todos teremos nossas tomadas emocionais e
sentimentais ligadas e desligadas várias vezes por pessoas diferentes. E o que acontece nesse ligar e desligar de
tomadas emocionais?
Uma vez que relacionamentos
estão líquidos, voláteis e descartáveis, ninguém quer aprofundar. Que tudo
comece e termite na superficialidade para não se ter que reviver ou provocar
dores emocionais. Vivemos neste círculo
vicioso, em que cada pessoa sai aleijando o outro, sem que haja espaço para
responsabilização, já que todos estão feridos.
Por onde anda a auto e a responsabilidade
emocional? Quem dera se todos nós estudássemos ou aprendêssemos esta matéria na
escola, para evitar culpar o outro ou machucar, quando, talvez fosse evitável.
A auto e responsabilidade
emocional é um conceito que se aproxima e ultrapassa a empatia, já que mostra
que ninguém, se não cada um, é responsável por suas emoções, em seguida, assume
uma parcela das emoções das pessoas com as quais se relaciona.
A autorresponsabilidade
ensina que cada um deve ter a capacidade de interpretar e gerir suas emoções
para que consiga transmitir com transparência e sinceridade o que sente. A
verdade é que nem sempre as emoções estarão claras, mas, ainda que estejam uma
confusão, é necessário expô-los para a pessoa com quem nos relacionamos possa
decidir se continua ou não neste jogo chamado relacionamento. Se isto fosse
acautelado, nossas emoções não representariam de forma crua, nosso abismo e
passado não gerido e curado.
Ao pesquisar e ler sobre o
tema, vi que citavam muito o livro “o pequeno príncipe” do escritor francês
Antoine de Saint-Exupéry. Passo a citar uma passagem que elucida a questão da
responsabilidade emocional:
Exatamente, disse a
raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil
outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de
mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas,
se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único
no mundo. E eu serei para ti a única no mundo…
A parte em negrito mostra
que ao nos relacionarmos, de alguma forma, cativamos o outro, criamos de forma
involuntária ou voluntária uma expectativa na outra pessoa.
Neste caso, por mais que
digam ‒ não crie expectativas, é emocionalmente impossível bloquear este
pêndulo, porque deixar de fazê-lo na minha visão, significa viver a vida de
forma rasa, sem perspetivas e sonhos. O mínino que se pode fazer, mas ainda não
sei como, é tentar dar consciência a expectativa. Será que é possível?
Viver sem expectativa,
significa para mim nunca esperar, bloquear a esperança e transformar a vida tal
como está hoje: Um ligar e desligar de tomadas emocionais e sentimentais. Não
acho justo que tenha que ser assim. Não quero viver sem sonhar, não quero ser
líquida. Afinal, o que seria do amor sem os planos do dia seguinte?
A psicóloga Amanda Almeida
diz que se não estamos preparados para um envolvimento emocional, o melhor que
podemos fazer é investir no autoconhecimento para sabermos quem somos, o que gostamos,
o que buscamos em nós e nos outros.
Na minha ótica, a busca
por nós mesmo é uma missão infinita, sempre chegará a crise para nos recordar
que ainda não sabemos muita coisa sobre nós. No entanto, quando ela chegar, precisamos
aprender a comunicar com clareza e sinceridade nossa mudança de rumo, pois
assim daremos ao outro a possibilidade para seguir sem procurar culpados. No
meu ver, não vale a pena transformar a vida num acúmulo de emoções e corações destruídos.
A psicanalista Maria Homem, me deixou confusa ao afirmar que
relacionamentos não foram feitos para ser objetivos e subjetivos. Quando nos
preocupamos tanto em definir cláusulas contratuais há uma grande possibilidade
de a relação brochar e acabar-se com a tesão e o eros, e quando não deixamos
claras as nossas intensões e sentimentos, estaremos a iludir o outro, já que este não sabe se o que você quer é o mesmo que ela quer. Mas então, qual deve
ser o equilíbrio entre a subjetividade e a objetividade?
Livros e vídeos citados
Wau prof
ResponderExcluirSempre que leio estás visões, análises sempre aprendo muito e ate então, sinto me o antes e o depois. Estou conseguindo ver, analisar de outras formas, outras perspectivas nascem as em mim. E estas leituras estimulam-me cada vez mais o gosto pela leitura e de aprender cada vez mais...
Quanto ao contexto, concordo plenamente com a perspectiva da professora, visto que num relacionamento é muito fundamental estar-se bem definido, o do objectivo relacionamento e todas as ações isto de facto é o que irá guarde forma positiva...
Tanto como em outras perspectivas do mesmo
Kkkkk. Adorei esta obra profª,
ResponderExcluirO pequeno príncipe” do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. E está da A psicóloga Amanda Almeida...
Peço humildemente estás obras! Gostei a análise destas figuras... Quanto ao tema..
muito bom
ResponderExcluirConfesso!
ResponderExcluirQuando sou chamado para um diálogo sobre as emoções humanas fico trémulo e arrepiado por saber que terei que refletir em torno de um assunto que vários foram os Poetas e Filósofos que tentaram encontrar algum conceito mais próximo que sustenta a ideia de sentimentos.
Então quando vejo está questão:
Qual deve ser o ponto de equilíbrio entre a objectividade e a subjetividade?(No contexto dos sentimentos)
Respondo, refletindo em torno de uma pergunta retórica:
- Qual é o ponto de equilíbrio entre a vida e a morte?
:Penso que é o caminho porque é única coisa que o ser humano pode controlar(como diz o ditado popular, o Homem é dono do seu destino).
Quando penso em subjectividade e objectividade no contexto emocional divido em dois fenômenos: Amor e Propósito.
Amor como uma emoção muitas vezes incontrolável e o propósito como um sentido mais racional e metodológico.
Quando duas pessoas supostamente se amam tem tendência a unir os seus propósitos, o que me faz crer que o amor acaba influênciando no propósito dos dois.
Supondo que o amor é subjetivo e o propósito é objectivo eu penso que o ponto de equilíbrio é o compromisso porque essa é a mais pura acção que demonstra a sinceridade e que pode estar sempre no nosso controle para quem tem coragem de ser verdadeiro com os seus estados emocionais e propósitos.
Parabéns 😙😙👏👏👏
ResponderExcluirAs expetativas tem nós matado bastante nos relacionamentos 😥, e por vezes esquecemos de trabalhar no essencial, isto é a construção de um bom relacionamento.