O CABELO CRESPO TEM HISTÓRIA
Me dei conta de que o cabelo tem história, sentimento, raiz, personalidade e referência. Não estou a tentar romantizar o cabelo crespo ou do negro, mas apenas busco mostrar que, talvez se tivessem nos ensinado, ou se tivessemos aprendido desde cedo que o nosso cabelo é tal como o nosso corpo (somente passa a ser bonito quando o aceitamos como é e que devemos cuidá-lo para que vivamos saudáveis) não haveria necessidade de nos frustrarmos ao tentar aproximar o cabelo e o corpo a alguma coisa que nunca chegará a ser.
Algumas ou muitas mulheres têm seu cabelo como um símbolo de beleza
– e eu faço parte desta lista; talvez por isso na adolescência (e por ver o meu
círculo feminino ser preenchido de mulheres com cabelo desfrisado) tenha decidido também engrenar nesta moda para me sentir bonita e dentro deste padrão nacional
e internacional que vivi durante 8 anos.
Em 2014 fiz uma viagem, e foi neste período de distanciamento do
meu habitat que senti que o meu cabelo desfrisado não contava a minha história,
não me representava e não me fazia ser quem eu realmente era. A partir desta
tomada de consciência, tive vontade de cortar o cabelo, como se através desta
atitude eu pudesse encontrar o meu eu que estava perdido no meu cabelo.
Só para verem o quanto é libertador voltar às origens, o processo
de cortar o cabelo ganhou uma terminologia por parte dos movimentos
internacionais capilares: big chop. Essa foi a primeira coisa que fiz quando
voltei para casa – cortar o cabelo, ficar careca e descobrir o que meu cabelo natural
gostava e o que significava aceita-lo.
Neste processo, fui inventado meus penteados afro fora do padrão do meio em que estava e descobri que era
possível fazer extensões uma a uma por cima de meu cabelo previamente trançado.
A medida que ele foi crescendo, fui me edificando como uma
personagem negra e crespa que eu gostaria de ter sido na infância. Me inspirei
em outras mulheres e inspirei a experimentarem de novo o cabelo crespo e a
construir uma moda feminina fora do padrão institucionalizado e enraizado.
Hoje, sou uma mulher crespa que tem muitas histórias para contar e
partilhar sobre o cabelo crespo. Se existe uma matéria que domino, é meu
cabelo. Tenho uma rede de amizades em
que o que nos uniu foi a necessidade de descobrirmos e trocarmos dicas e
impressões sobre o nosso cabelo. Construo através desta rede referências,
estilos e penteados capilares que gosto e gostaria de experimentar no meu
cabelo.
Muitos homens e mulheres em conversas relacionado com o cabelo
crespo me falam que gostariam de deixar o cabelo crescer, mas não têm
paciência, o cabelo não cresce, é pouco, etc…. A verdade é que o cabelo pode
ser tudo isso, mas é seu (ou nosso); cabe a si aceita-lo – talvez este seja o
ponto de partida para conhecê-lo e saber como deixá-lo bonito e agradável aos
seus olhos sendo natural.
Talvez achem que aceitar este cabelo sendo mulher seja mais simples
em relação aos homens – não tenho certeza; acho que cada um tem suas batalhas que
terá que travar, no entanto, tenho noção de que as instituições públicas, privadas
e a sociedade têm o homem careca ou com o cabelo cortado como o mais respeitável
e digno de respeito.
O que dizer do homem que aceitou seu cabelo despenteado, penteado crespo
ou com dreds? Para mim, estes também são esbeltos e, assim como as
mulheres crespas, despertam uma sabedoria, ousadia, autenticidade e ancestralidade
que nem sabem que transmitem quando passam.
Whauu, amei!
ResponderExcluirEstou de acordo. Para mim, o cabelo crespo é a cena, assim como o cabelo liso das mulheres brancas precisa de muitos tratamentos, não seria diferente do cabelo crespo das mulheres negras. Enfim, em tudo precisamos nos aceitar para que tenhamos brilho.
É preciso ser original para ser respeitado do jeito que és.
Bom dia leitor... Sem dúvidas o cabelo natural é a coisa mais linda que existe. Cada um precisa descobrir o que o seu cabelo gosta e o que lhe agrada. 🤩
ExcluirUAU
ResponderExcluirAmei e me identifiquei,pois também decidi amar o meu cabelo crespo do jeito que ele é,amo ser crespa e claro é o que todos devemos fazer pois essa é a nossa realidade, uma linda realidade que só pode ser descoberta quando finalmente decidirmos aceitar quem somos de verdade. Eu em particular me sinto mais eu com o meu cabelo crespo.
Olá leitor... Abraçar o crespo é abraçar-se a si mesmo. Aceitar que sim, essa sou eu. A transição capilar é um processo de descoberta e aprendizagem. Obrigada por partilhar connosco a sua história capilar
ExcluirSomos africanos e essa é a nossa realidade, precisamos nos encontrar conosco mesmo e aceitar que somos assim capazes de deixar o cabelo crespo lindo e maravilhoso
ResponderExcluirConcordo consigo.
ExcluirDevemos aceitar a nossa realidade.
Pois é o nosso cabelo crespo é muito lindo,so precisa so de cuidar para ele ficar lindo.
Precisamos nos aceitar para que vivamos sem culpa, não só no cabelo, mas em outras coisas mais. Vamos aprender a cuidar de nós e do nosso cabelo
ExcluirAmei a sua História!
ResponderExcluirTambém passei por esses procedimentos do meu cabelo..Não foi fácil tomar a decisão de curtir o meu natural.
Olá caro leitor... Obrigada por partilhar connosco o seu processo de transição.. É verdade no princípio precisa de coragem para se libertar, e a medida que ele cresce,vamosddescobrindo quem somos 🤩
ExcluirGostei de saber que passaste a gostar dos teus cabelos depois de teres conhecido outras culturas.
ResponderExcluirForça a luta contínua.
Bom dia leitor.. Hobaa obrigada por comentar aqui no blog. Pois é, sair de si, pode ser um caminho para o auto descobrimento.. A luta continua
ExcluirMeu Deus. Wau prof.
ResponderExcluirIdentifiquei-me nesta história de cabelo. Neste período de quarentena estou criando cabelo. De facto prof, temos que descobrir o que existe em nós, porque isto é fundamental conhecermos a nossa identidade e darmos valores o que existe em nós. Contrário disso estaríamos a desvalorizar o que é nosso...
Todavia, para descobrir a beleza que há em nós temos que ser curioso em nós mesmo e procurar de várias formas de descobrir de facto o tipo de penteado que vai de acordo com a nossa personalidade. E que a mesma venha a representar-nos de forma colosal.
Ola Tawanda... Hobaa. Te desejo muita inspiração nessa descoberta capilar, é encantador. A beleza deve ser despadronizada. Tudo é bonito só precisa de cuidado
ExcluirOba, lindo texto de exaltação e homenagem ao seu,meu, nosso cabelo crespo. Pouco conhecemos a sua essência,mas a partir dessa viagem pude perceber o seu real significado. Acreditas que inspiraste-me a regastar e enamorar o meu cabelo crespo com o seu texto! Cada dia fico enncatda com as suas prosas,nas quais descubro a necessidade de descontrair os preceitos todos como correctos. Bem haja Delfina Lazar
ResponderExcluirNecessidade de desconstruir
ExcluirQuerida Dabelane, a melhor imagem que vi hoje, foi ter visto que este texto te inspirou a cortares o cabelo e a criares o seu próprio padrão de beleza. Estamos todos nessa viagem de desconstrução de coisas, sentimentos e emoções. Viva o crespo, a nossa africanidade. E benvida ao paraíso crespo
ExcluirNem tenho muito a comentar o texto é bonito e meu deu inspiração. Aprecio muito cabelos naturais, por mim são os mais sensuais...
ResponderExcluirEdelson obrigada por comentar aqui no blog. Aguardamos um poema escrito por ti sobre o nosso crespo 🤩
ExcluirViva ao cabelo crespo.
ResponderExcluirA nova tendência, aprecio muito este cabelo. Muito lindo e maravilhoso.
#natural
#original