ESGOTAMENTO PROFISSIONAL


O início de uma jornada profissional é sempre acompanhado pela famosa frase “Capacidade de trabalhar sob pressão”. Hoje em dia a competitividade não perdoa, ademais, o trabalho não termina no escritório, é provável que as 00h tenhamos que responder um email importantíssimo, e o que dizer do relatório que tem que ser entregue até as 8h? A responsabilidade e o compromisso excessivo com o trabalho já não me deixavam dormir.

Minha mente acelerava, funcionava a mil por horas, logo eu, a nerd que sempre teve a escola e o trabalho como uma válvula de escape social. Tudo que gerava a sensação de produtividade como trabalhar e estudar encontrava aconchego na minha mente competitiva.

De tão estar acostumada à pressão profissional, não parava para pensar na dor de um joelho quebrado, coração partido e problemas familiares, todas estas coisas que não tinham a ver com o trabalho, se resolveriam depois, mas a verdade, nunca havia tempo para resolver porque assim como na semana passava, surgia uma viagem e um relatório para fazer.


Me sentia exausta e sufocada pelo trabalho, no entanto, meu cansaço não pagaria minhas contas.  No curriculum tinha escrito que aguentava trabalhar sob pressão, e o que está escrito gera compromisso em mentes competitivas, além disso, na atualidade saber trabalhar sob pressão é uma qualidade, por isso, eu precisava continuar a trabalhar em frequência acelerada.

Mas afinal, por que me sentia tão cansada? Logo eu, que me comprometo com tudo que faço. Meu filho tinha em mim uma mãe exemplar. E o que diria ele e minha família se eu desistisse de tudo para me recolher?  Eles sempre me viram como a superdotada da família, nunca permitiram que eu fracassasse, eles são a minha torcida. Não podia dececiona-los.

Me sentia cansada, porém mal podia comentar sobre as minhas frustrações, eu não conseguia mais trabalhar sem poder dormir e respirar sem pressa. Por causa da aceleração via que tudo que não conseguia mais carregar tanto em casa quanto no serviço me sufocava, me criava raiva e sentimento de fracasso. Porque meu relacionamento estava a desmoronar?


Minha mente acelerava, eu esquecia tudo que não estivesse relacionado ao trabalho, chegava em casa e via meu filho triste, e lembrava que havia esquecido seu aniversário, sem contar que na semana anterior havia esquecido de comprar o brinquedo que ele havia pedido. Aos poucos, perdia meus apetites para o trabalho, mal conseguia parar para ver o pôr-do-sol.


Minha mente não parava de funcionar, porém sentia que estava descompassada. Estava a queimar por dentro, por coisas que não sabia dar nome, tinha excesso e escassez de sono na mesma intensidade.


Não conseguia mais carregar tanta pressão profissional nas minhas costas, no entanto, precisava cumprir com os compromissos, meu chefe me pagava por isso, além disso, ele era exigente na mesma proporção que me falava que eu conseguia levantar 100kg nas minhas costas. Ele torcia por mim, e com isso tentava carregar um peso excessivo para meus ombros.

Como falaria para ele que já não conseguia mais? Que estava fraca e destruída por dentro? Que minha cabeça apenas doía, minhas dores de barriga e meu humor oscilavam cada vez mais nos últimos meses?

O meu cansaço me desconcentrava, mesmo ao tentar dar meu máximo na vida pessoal e profissional, vinha na mesma proporção o sentimento de fracasso, estava insegura, sentia que estava a imobilizar no meu estômago algo que precisava sair.

Não aguentava meu trabalho, o que estava a acontecer? por que estava deprimida se tinha tudo que sempre sonhei? Minha mente acelerava, meu corpo enfraquecia, meu filho estava infeliz precisava da minha atenção, meu marido estava frustrado com o casamento.

Caro leitor, se sua mente acelera, por favor, desacelera, porque pode ser que esteja a desenvolver a síndrome de burnot ou o esgotamento profissional. Esta doença causa distúrbios emocionais com sintomas de exaustão extrema e esgotamento físico que é provocado por situações de trabalho desgastantes que demandam muita competitividade e responsabilidade.


Amigo desacelera, não precisas ser forte o tempo todo, sinta suas dores, respira fundo, e lembre, que o que não se exterioriza se transforma em dores e doenças dentro de si, sua dor de cabeça e o estômago podem estar relacionado com a aceleração mental devido a carga excessiva de trabalho. Não precisamos ser fortes e bons o tempo todo.

O vazio existencial causado pelo excesso de trabalho, as dores emocionais, se curam com descanso, mar, tempo, sol e num consultório de um psiquiatra ou psicológico.
Amigo desacelera, depois do trabalho há vida, e a sua mente e seu corpo precisam se conectar sem aceleração.

Se quiser saber mais sobre a síndrome do burnout ou o esgotamento profissional siga este links abaixo:

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout

https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/sindrome-de-burnout-esgotamento-profissional/

Comentários

  1. Este texto veio mesmo a calhar e é profundo principalmente para quem sente isso na pelo me vi espelhada nele.
    A questão de trabalhar sobre pressão transcende do emprego informal e passa também para sua vida profissional.
    Sente-se a pressão na família, quando começas a faltar aos compromissos porque tens coisas pessoais por fazer que não pudeste fazer porque estiveste a trabalhar.
    Aumenta a pressão quando tens que cuidar do lar, conciliando a sua vida profissional.
    Minha mente em particular não está a desligar, tenho mantido o cérebro a funcionar mesmo quando me deito pensando que é hora de descansar.
    Sei lá, o trabalhar sobre pressão não devia e nem deve ser uma exigência para garantir o seu emprego… Isto é terrivelmente terrível ( risos).

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    1. Querida suzete... Sem dúvida essa coisa de trabalhar sobre pressão vai além do trabalho formal, e se temos que cuidar de filhos aí tudo piora, porque queremos dar conta de tudo sem pensarmos na nossa saúde. Dos textos que li sobre o assunto, parece que não é recomendável trocar oa amigos os convívios pelo trabalho, porque o tempo que gastamos com os amigos é tão necessário para a nossa saúde mental.
      Precisamos respeitar os nossos limites, estamos a nos matar em nome do trabalho.

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  2. Temos de rever alguns aspectos relacionados com o trabalhar sobre pressão.Tudo que é excessivo é maligno,nos matamos um pouco a cada dia para satisfazer as demandas sociais... Nos transformamos em workaholic e não nos damos tempo para contemplar as coisas simples,como como disfrutar de una folga,ouvir uma música,brincar com as crianças,estas simples coisinhas podem renovar nossas energias.
    Bom texto

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    1. Caro leitor, sem dúvidas estamos a exceder e a deixar de lado a nossa saúde mental física e social. Estamos a viver depressivos sem saber os motivos. O trabalho assim como o cigarro l, álcool vicia. Vamos nos cuidar respirar viver e conviver.

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  3. Temos de rever alguns aspectos relacionados com o trabalhar sobre pressão.Tudo que é excessivo é maligno,nos matamos um pouco a cada dia para satisfazer as demandas sociais... Nos transformamos em workaholic e não nos damos tempo para contemplar as coisas simples,como como disfrutar de una folga,ouvir uma música,brincar com as crianças,estas simples coisinhas podem renovar nossas energias.
    Bom texto

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  4. Wau um tema muito interessante

    É muito importante termos em consideração porque ao nível profissional somos entregue a trabalhar sob pressão. E esta é uma das qualidades exigida no âmbito profissional. Portanto, para evitar o esgotamento é importante depois de trabalho procurar-se distrair, mudar o assunto, ou mesmo optar por um divertimento. O que contribui positivamente o bem estar.

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    1. Sem dúvidas, precisamos aprender a respeitar nossos limites corporais e mentais. Não vamos sobrecarregar o nosso corpo pelo salário. Há vida depois do emprego

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