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Mostrando postagens de 2020

ESCOLHAS..?

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  Começo este texto, adiantando que não sei qual título colocar. O propósito de escrever   parte de uma mensagem que recebi de uma leitora do blog   que após   a leitura do texto sobre o estudante negro,   partilhou comigo a frustração de o namorado tê-la feito escolher entre o relacionamento e a viagem para a formação, no entanto, quando foi o inverso ela teve que o esperar. Percebo que esta mulher e jovem, queira ouvir de mim um conselho, ou simplesmente que atitude deve tomar. Felizmente não tenho respostas e soluções para as inquietações desta leitora, pois só ela conhece o tamanho do amor que sente pelo namorado e a dimensão dos seus sonhos. Contudo, acho que podemos tentar refletir sobre o assunto de forma imparcial, trazendo factos, e questionando alguns temas relacionados de forma que a nossa leitora busque soluções e caminhos próprios. Antes de me alongar, querida leitora, quero pedir e advertir que depois de ter encontrado a solução e decidido, não...

O ESTUDANTE NEGRO PRECISA SER CONSCIENTE PARA NÃO SER SIMPLIFICADO PELO RACISMO

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  Já faz muito tempo que quero abordar aqui no blog sobre o que é ser um estudante negro . Quando falo de ser um estudante negro, não me refiro a um moçambicano ou tanzaniano que frequenta uma universidade dentro do seu país de origem, pois nesta situação, ele é somente estudante. Nesta linha de ideias, o estudante negro é o africano que frequenta uma universidade estrangeira (europeia, americana, asiática ou da Africa branca). Nas últimas semanas estive a conversar com um amigo que está a fazer a sua pós-graduação fora do país, e nesta troca de ideias, o racismo ressurgiu como tema principal, já que a proveniência e a cor de pele do meu amigo é percebida por muitos no país em que ele faz a pós-graduação, como um atestado para ser um marginal, selvagem e deficiente intelectual. Se as conversas criam conexões e aproximações entre as pessoas, era de se esperar que eu me identificasse e vivenciasse na pele a situação do meu amigo, já que, assim como ele, tive a oportunidade de ser...

PARA QUE SERVE A BIBLIOTECA PÚBLICA E O JARDIM TUNDURO, SE NÃO ESTÃO PARA SERVIR AO PÚBLICO?

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  Para que servem os espaços públicos em Maputo se não são para serem usados? É necessário começar o texto de hoje em jeito de pergunta, porque a muito tento responder esta questão, porém, apenas me lembro deste grave problema quando, mais uma vez preciso usufruir dos serviços e dos espaços públicos, mas percebo que as biblioteca e os jardins da cidade de Maputo servem como enfeite e não estão para satisfazer as necessidades dos cidadãos. O dia de hoje foi corrido, minha colega e eu, buscávamos i ncessantemente  um espaço onde pudéssemos estudar, visto que o ambiente de casa já não consegue responder a nossa necessidade, nesta busca,  criamos várias possibilidades, como bibliotecas e jardins, no final só ganhamos a frustração de ver que as bibliotecas estão  fechadas por causa do Corona Vírus e um jardim como Tunduro fecha as 15h30, o famoso horário do Estado em que muitos de nós chegamos tarde e saímos cedo. O Indiano Shiyali Ramamritam  Ranganathan , cunhou em...

SER PROFESSOR

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  Numa época em que a educação é incerta, ser professor se tornou um refúgio para quem precisa resolver rapidamente as questões da fome, e neste trilho, se formar no Instituto do Magistério Primário é um caminho para a resolução, ou para minimizar questões sociais relacionadas à fome da barriga, no entanto, a real fome e invisível é a da mente que posteriormente pode melhorar as condições sociais, politicas e económicas do meu país. Talvez eu não tenha conhecimentos suficientes para falar de épocas que eu não vivi, todavia nos dias que correm, vejo que muitos jovens professores, são obrigados a ensinar coisas que mal aprenderam. Se ser professor é uma profissão que exige muito esforço, preparo, conhecimento, pesquisa, tempo, dedicação, compromisso e comprometimento, como queremos exigir qualidade de educação em professores que ao longo da sua formação não foram ensinados a fazer este percurso sem fim? Muito falamos de educação de base, no entanto os professores que trabalham ...

ARGENTINA, UMA MULHER INVISÍVEL: SEU SONHO É TER UM BILHETE DE IDENTIDADE

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  Muitas vezes nos perguntarmos: Quais são os nossos sonhos? E as respostas desta pergunta parecem variar de acordo com as vivências e necessidades de cada um. Há quem tenha o sonho de conhecer um país; se formar; casar; ter filhos; saltar de paraquedas ect…. Geralmente, os sonhos se confundem com coisas irreais, no entanto,   de acordo com o esforço e da clareza que se tenha   dos sonhos, estes podem ser na realidade propósitos e anseios, e neste caso, os sonhos são atingíveis, reais e concretizáveis. Numa dessas conversas sobre sonhos, entre gargalhadas e imaginações, a minha amiga falou-me que conhece uma jovem cujo sonho é ter BILHETE DE IDENTIDADE (BI) e ir à ALFABETIZAÇÃO para que possa aprender a escrever seu nome: ARGENTINA MATUSSE . A tia Argentina é um ser humano invisível na sociedade, e quem a conhece pode ter a prova de que neste mundo existem pessoas que mesmo respirando o mesmo ar que a gente, as adversidades da vida as condenaram a ser invisíveis. ...

AS DORES E OS PROBLEMAS “DAS PRINCESAS E DOS PRÍNCIPES” SÃO NOSSAS?

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  Já tratamos aqui no blog sobre as dores da rainha, onde  tentei fazer uma viagem no entorno familiar em que os filhos tomam as dores das mães, mas, e o inverso? Acredito que é o momento de mães e pais se perguntarem: “ as dores dos nossos filhos nos pertencem?” No título, tratei estes filhos como príncipes e princesas já que a    geração y tende  a tomar o  círculo familiar e as relação entre pais e filhos como um trono da majestade ou da realeza inglesa em que existem reis, rainhas, princesas e príncipes. Nesta ideia de realeza, muitos estudiosos afirmam que os filhos que visualizam a imagem paterna e materna como rainhas e reis, na vida adulta, a definição do “objeto sexual” é determinado pelas semelhanças que este deve ter com a imagem paterna ou materna . Se for menina (complexo Electra), o seu parceiro deve ser como o pai e se for menino (complexo Édipo) sua parceira deve ser como a mãe, ou seja, muitas vezes vemos pessoas procurando pais e mães...

UM MANIFESTO A FAVOR DA LEITURA

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    O programa “o Regresso com Paulina Chiziane” é para mim um projeto que já era necessário em Moçambique, as discussões, as perguntas e os adereços feitos pelo Dionísio Bahule e a Paulina Chiziane   são tão instigantes que me fazem acreditar que ainda é possível sonhar com o país em que discussões académicas podem ter espaço e serem acessíveis para as comunidades. Há quem não concorde com o discurso da Paulina, é normal, afinal nem todos devemos ter as mesmas crenças e pensamentos, porém anular a lógica discursiva e a construção histórica trazida pela escritora é uma autêntica não aceitação da diferença de pensamentos e teorias necessárias para a evolução humana e a construção de uma identidade africana.   Num dos programas, Bahule e Chiziane trouxeram uma discussão sobre “o cristianismo – igreja e a tradição africana”. Ao longo da conversa, vários questionamentos que tenho me feito em tanta pouca idade encontraram um aconchego.   Segundo Paulina Chizian...