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Cabelos da Diáspora: Laços de Esperança e Identidade

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  Sendo já jovens e fora do centro de menores, os dois irmãos Xhuria e Chisso , levam duas vidas diferentes, a Xhuria sempre teve claro que a educação talvez fosse uma válvula de escape mais próxima para não se perder num mundo que mesmo tendo aprendido na escola como é construído historicamente, o desconhece, por ter sempre de responder de onde é, e quando diz que é espanhola, sempre a retrucam porque os espanhóis são brancos e não negros, e ao mesmo tempo, ela nem sequer pode dizer que é nigeriana, pois não tem nenhum vinculo em memoria, sentimento e nem em cultura com a Nigéria.   Ao ter a educação como seu escape, a Xhuria conseguiu ingressar na universidade de Córdoba para cursar Economia, e este ganho, foi como um raio de sol em meio às tempestades de sua vida, porque sendo bolseira também teria um teto garantido.   O seu primeiro ano de facultade é como um vislumbre, um mundo por descobrir, e para a sua sorte, a residência a colocou uma menina negra para dividir ...

Sombras do Sonho Europeu: coisas não contadas sobre a imigração

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      Fonte da foto:  https://exame.com/mundo/populacao-da-espanha-cresce-pelo-segundo-ano-seguido-devido-a-imigracao/ Shema e Olum são um casal de jovens nigerianos que, movidos pelo sonho europeu, decidiram migrar para a Espanha. Para quem acompanha as notícias das imigrações massivas para este país, sabe o quanto o mar atlântico engole os sonhos de tantos e muitos africanos que, movidos pela coragem, enfrentam a fúria do mar atrás de um sonho incerto. Shema e Olum tentaram várias vezes essa travessia sem sucessos. No entanto, num momento e num dia, DEUS respondeu a esta prece. Desta vez, o casal não levava somente o sonho de um país europeu, mas também uma criança de 2 anos consigo, que nasceu no meio de desertos e mares. Já em Ceuta e buscando a vida, Shema se viu grávida, desta vez de uma menina. Neste momento, Shema e Olum se tornariam pais pela segunda vez, de uma menina a quem deram o nome de Xhuria. Enquanto Xhuria dava seus primeiros passos, Shema e O...

LONDRES: Minha aventura

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Já conheci um punhado de lugares lendo e viajando, mas esta viagem talvez tenha sido a minha maior aventura. Aventurar-me sozinha para Londres me fez descobrir que as vezes, ou se calhar muitas vezes, a vida é sobre ariscar, aceitar os desafios e estar aberto para conhecer pessoas incríveis. Apesar de não ter dado para explorar tudo que havia planeado, muitas coisas aprendi e vivi. Mas e agora? Bem, agora restam as boas lembranças da pessoa que não sei se voltarei a ver, mas com certeza estará sempre em minha memória e na minha vida. Uma dica : Se vai viajar sozinho(a), esteja aberto para viver intensamente as experiências, e aprenda que nem todo mundo é mau, existem pessoas incríveis neste mundo, esteja aberto para conhecê-las e vivê-las.  

BARCELONA: AS MENINAS QUE BUSCAVAM O MAR

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Para quem vem de um país com muito mar e sol, estar um longo tempo numa cidade seca como Madrid torna, às vezes, os dias secos e sem beleza. Apesar de Madrid ser uma cidade muito bonita e oferecer um leque de possibilidades eu e minha querida amiga Silvia, menina que conheci na universidade em Madrid, e ficamos próximas no primeiro dia, planeamos fazer uma viagem para Barcelona à busca do bendito mar, pois a vida seca de Madrid já nos cansava. Barcelona nos proporcionou muita paz e alegra, arquitetura e boa comida, mas o lindo de tudo, foi a nostalgia e saudade de casa que senti depois de ficar cinco meses longe  Maputo-Moçambique, sem nem sequer pensar em voltar tão cedo.  Pisar a areia da praia e contemplar o mar de Barcelona me fez querer estar em Maputo e com minha família.  Nesta viagem andei mais do que imaginei, pois a Silvia é atleta e para ela tudo se pode fazer andando, e como boa parceira, tivemos que fazer vários quilómetros durante 4 dias andando de um ...

A GERAÇÃO DOS OFENDIDOS

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  Depois de tanto tempo sem escrever para o blog, me veio a vontade de partilhar um pouco das experiências que tenho tido no primeiro mundo, que as vezes, me fazem conhecer as outras facetas históricas do meu país Moçambique. Caros leitores, hoje tive a oportunidade de assistir a uma aula sobre a história do cinema africano e moçambicano à convite de um professor especialista nesta matéria, que foi invitado por uma professora da Universidade de Alcalá para dar uma aula sobre a história do cinema africano na sua disciplina de antropologia audiovisual. A aula foi alucinante para mim, não somente pela matéria que estava a ser lecionada, mas também pelo entusiamo, paixão e por perceber que os olhos do professor cintilavam ao explicar e ensinar sobre como começou e evoluiu o cinema no continente africano. Ao longo da aula, o professor focou-se na história do cinema moçambicano, o que me deu bastante alegria por eu ser moçambicana e poder ter a oportunidade de aprender sobre a hist...

CITATION: UMA OUTRA NARRATIVA DO CINEMA AFRICANO

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  Sempre que ouvimos falar de cinema africano nos vem à mente imagem dos filmes da Nollywood que trazem sempre o mesmo enredo sobre tráfico humano, trabalho infantil, feitiçaria, traição e a pressão social que as pessoas, principalmente mulheres são submetidas para se casarem. Não há dúvidas de que as questões acima mencionadas, retratam e representam a realidade e as vivências cotidianas dos africanos, porém a forma como são contadas acaba sendo repetitiva e sem trazer a emoção que geralmente sentimos quando assistimos os filmes da Hollywood. Para se trazer a emoção e a surpresa em falta nos filmes da Nolllywood, talvez seja necessário, na minha opinião, se construir outras narrativas sobre estes assuntos, pois, assim como foi feito no filme Citation, é possível se adicionar a um tema comum de assédio sexual, um pouco mais de emoção, criatividade, originalidade e método. O filme Citation , dirigido por   Kunle Afolayan , acontece em duas linhas de tempo (passado e prese...

IMIGRANTES? NÓS PERTENCEMOS AO MUNDO….!

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Finalmente terminei de ler o livro Homo sapiens de Yuval Harari, me comprometi a fazer uma resenha sobre o livro neste espaço, mas o tempo não tem me permitido, e não tenho conseguido  me dedicar ao blog com frequência.  Enquanto o dia de escrever a resenha não chega, a minha mente vai resgatando conversas que tive com alguns amigos, que de alguma forma as vi sendo debatidas e questionadas neste livro que conta a história da humanidade. Acredito que muitas pessoas, assim como eu, Natércia, Alejandro e Daniela vivemos em busca de respostas e explicações sobre o passado e o futuro dos nossos países em Vias de Desenvolvimento. Por certo, não queremos com isso “predizer o futuro, mas sim nos libertar do passado e imaginarmos destinos alternativos” para os lugares de onde a gente vem que são Moçambique e México. Num destes reencontros, nos pusemos a conversar sobre os que nos faz ser parecidos enquanto indivíduos pertencentes aos países que sempre estarão em Vias de Desenvolv...